São Luis do Maranhão, 20 de julho de 2021.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A "pizza com sabor de propina" está no forno da Assembléia

As denúncias de cobrança de propina de R$ 1,5 milhão a empresários do setor da construção civil, com objetivo de aprovar a lei que autorizava a derrubada de babaçuais, correm o risco de ser varridas para debaixo do tapete da Assembleia Legislativa.

Estamos prestes a ver mais um escândalo, envolvendo parlamentares maranhenses, transformado em pizza. Vão nos servir a ‘pizza com sabor de propina’. Escalaram como pizzaiolo o deputado Jota Pinto.

Digo isso, totalmente descrente na competência do poder legislativo em cortar a própria carne. O deputado-corregedor deixou claro, em entrevista, na tarde de ontem, que espera que todo o trabalho esteja concluído antes do início do recesso. Alguém precisa dizer ao cheff que a pressa é inimiga da perfeição. Só beneficiará aos supostos envolvidos no esquema de propinagem. Por que tanta pressa?

Não é a primeira vez, na atual legislatura, que uma denúncia de tamanha gravidade é tratada com descaso. Recentemente, veio à tona uma denúncia de esquema de negociata de emendas parlamentares com agiotas. O que aconteceu? Simplesmente nada! Ficou o dito pelo não dito. Prevaleceu o silêncio dos não tão inocentes. Ou todos seriam culpados, por isso não apuraram esse caso rumoroso? O deputado Raimundo Cutrim chegou a sugerir a criação e uma CPI, mas foi voto vencido.

Neste momento, diante do provável corpo mole da Corregedoria, somente uma Comissão Parlamentar de Inquérito poderia elucidar tudo em torno da possível cobrança de propina a empreiteiras.

Parece que está em andamento um acordo de cavalheiros para ninguém ser punido com a cassação de mandato, em se configurando a quebra de decoro parlamentar. O deputado Rogério Cafeteira já afirmara que ‘todos ouviram falar do caso’, mas ‘será difícil provar’. Cafeteira teria sido o primeiro a passar informações sobre os rumores de cobrança da tal proprina de R$ 1,5 milhão. Agora, certamente pressionado, diz que não tem como provar. O deputado Pizzaiolo também diz que recebeu a denúncia, mas sem consistência, sem provas. “É preciso agir com muita cautela. Não existem provas”, diz Jota Pinto, passando a ideia de inconsistência, por falta de comprovação da prática do delito. Como ninguém pode produzir provas contra si mesmo, pode prevalecer o espírito de corpo. Além disso, empresário acusado de pagar a tal propina, já dissera que não pagou.

Até agora, o principal acusado de ter intermediado a suposta propina, em nome de outros 30 parlamentares, preferiu o silêncio. Se perceber que pode ser punido, abrirá o bico para entregar os possíveis parceiros na divisão da bolada.

Um pedido de CPI, de autoria do deputado Bira do Pindaré, percorre o plenário em busca de assinaturas. Onze ‘cavaleiros da moralidade’ já apuseram suas assinaturas no pedido. Faltam, portanto, apenas mais três assinaturas para que a CPI seja criada. Pode ser a suspensão temporária de mais uma pizza.

Com esse comportamento, de varrer todas as denúncias para debaixo do tapete, a Assembleia do Maranhão pode ficar conhecida como a mais nova “Casa da Pizza”.

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