São Luis do Maranhão, 20 de julho de 2021.

segunda-feira, 8 de março de 2021

20 ANOS SEM MEU HERÓI


Luiz Rocha

Desde o nosso nascimento, começa um cronômetro regressivo em nossas vidas. Cada dia que se passa, é um dia vivido e um dia a menos para se viver. Durante toda a nossa vida, vivemos momentos alegres, mas também vivemos momentos extremamente tristes. Desses momentos tristes vividos, os piores ocorrem quando experimentamos a perda de um ente querido. É uma dor insuportável, indesejável, mas que sabemos que é previsível. Por causa desta previsibilidade é que devemos viver intensamente ao lado das pessoas que amamos e que nos amam, pois, após elas partirem, o que nos restará serão somente as lembranças dos bons momentos vividos.

Desde quando nascemos, estamos cientes que haveremos de perder os nossos entes queridos mais idosos, pois esta é a sequência natural da vida. Temos ciência que perderemos nossos bisavós, nossos avós, depois nossos pais, até que chega a nossa vez, e deixaremos no mundo nossos descendentes, isto é, filhos, netos e bisnetos. E assim a vida continua. No entanto, como somos seres mortais, estamos sujeitos à morte a qualquer momento, independentemente de nossas idades. A morte já é um fato muito dolorido para todos, aliás, o mais dolorido.  E quando há uma inversão dessa sequência natural de caso de morte em nosso meio, como por exemplo, a perda de um filho, o que parecia ser insuportável se torna ainda mais inconcebível.

Ao longo de minha vida, já experimentei a perda de alguns entes queridos. O primeiro, e inesquecível foi a perda do meu querido filho Rocha Júnior, que subitamente nos deixou para estar ao lado do Senhor Jesus. Também perdi grandes amigos e amigas que partiram deixando muitas saudades.

Entre todos os entes queridos nós posuimos mais de um, com exceção de Pai e Mãe, os quais são únicos. Qualquer perda de ente querido é muito dolorosa, especialmente filhos e Pai e Mãe.

Há exatos 20 anos, experimentei a experiência da perda do meu querido e amado Pai, o qual, ao longos de muitos anos lutou contra o diabetes, que é uma doença traiçoeira e silenciosa, pois prejudica a pessoa de forma a não manifestar, aparentemente, visíveis complicações. No entanto, ela age como um cupim na madeira, quando começa a aparecer as consequências, já são graves.

Da mesma forma que meu Pai, também sofro com essa mesma doença traiçoeira e silenciosa. Lembro-me que uma vez fui ao médico endocrinologista e ele me disse uma frase que nunca mais esqueci. Ele me fez a seguinte indagação: "Você sabe o maior mal que o diabetes faz para uma pessoa?". E eu respondi que não sabia. Então ele me respondeu: " o maior mal que ela lhe faz é não doer". Aí fiquei pensando sobre aquilo que o médico havia me falado e entendi que ele estava coberto de razão, pois o diabético, descuidadamente come um pedaço de doce e não sente absolutamente nada, toma um refrigerante e não sente nada, e por aí vai. Não sabendo wle que cada vez que come ou bebe algo que não poderia, aquilo irá trazer consequências muito graves ao seu corpo. Se ao comer ou beber o que não podia, sentisse algum tipo de dor, não cometia novamente.
Pois bem, assim é que acontece com todo diabético,  e com o meu querido Pai não foi diferente.

As primeiras consequências foram na vascularização dos membros inferiores, trazendo dormência e falta de sensibilidade, com risco de cortes e ferimentos nos pés. Depois veio a perda das funções renais, tendo que iniciar o tratamento por hemodiálise. Ao iniciar o tratamento com hemodiálise, busca-se logo a possibilidade de realizar um transplante renal para se livrar da restrição e do sofrimento naquela máquina de hemodiálise 03 vezes por semana, durando 04 horas cada sessão. No entanto, para que seja realizado um transplante renal, o coração tem que está funcionando 100 por cento. Então iniciam-se os exames no coração. Aí é descoberto que haviam obstruções nas artérias do coração, por consequência também do diabetes. Então, começa uma nova luta para realizar a cirurgia do coração. O meu querido Pai foi submetido a uma cirurgia no coração para a colocação de 03 pontes para resolver as obstruções. Procuramos um dos melhores hospitais de São Paulo para a realização da cirurgia, com os melhores médicos. Infelizmente, não foi suficiente a busca do melhor hospital e dos melhores médicos, pois meu querido e amado Pai contraiu um infecção hospitalar durante a cirurgia. Uma nova batalha teria que ser superada, que era combater essa infecção bacteriana contraída. Foram relizados diversos tratamentos, mas a bactéria não dava trégua. Os dias foram se passando e o meu querido Pai só definhando, perdendo a luta para aquela maldita infecção. Várias outras cirurgias foram realizadas na tentativa de debelar a infecção,  mas sem sucesso. Até que o pior aconteceu.

No dia 08 de março de 2001, tive uma das mais doloridas experiências da minha vida, perdi o meu querido e amado Pai. O meu espelho de vida, o meu exemplo de trabalho e obstinação não estaria mais ao nosso lado.

Hoje faz 20 anos da ausência do meu amado Pai. São 20 anos de muita saudade, mais de muitas boas lembranças e muitos bons exemplos de um bom Pai, homem honrado e amigo fiel.

Como citei no preâmbulo deste texto, Pai e Mãe temos somente um de cada e por isso devemos amá-los muito enquanto estão presentes conosco, depois que se vão, só nos restam muitas saudades e lembranças.

Felizes os que possuem ainda o privilégio de ainda conviverem com seus pais. Aproveitem muito, curtam muito, amem-os muito, pois eles são as jóias que te deram a vida e passaram toda as suas vidas lhe defendendo de tudo e de todos para que você pudesse viver o melhor possível.

Meu querido Pai, a sua ausência me dói até hoje e será dolorida até meu último dia de vida, mas o exemplo de vida dado pelo senhor será sempre lembrado como o maior patrimônio que um Pai pode deixar aos seus filhos. Muito obrigado por tudo. Um dia passarei o "bastão" aos meus filhos e haverei de me encontrar com o senhor para celebrarmos os descendentes que deixaremos para dar continuidade nessa coisa maravilhosa chamada VIDA.

Luiz Rocha Filho
      Filho, Pai e Avô.

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